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Vinculados con las graves violaciones a los derechos humanos ocurridas en el marco de las coordinaciones represivas del Cono Sur.

Fonds RIO,XX GJ - Sidney Fix Marques dos Santos

Identity area

Reference code

BR RJAN RIO,XX GJ

Title

Sidney Fix Marques dos Santos

Date(s)

  • 1964 - 2011 (Creation)

Level of description

Fonds

Extent and medium

Extent
Textual(is) -sem especificação - 0,05 m

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Name of creator

Sidney Fix Marques dos Santos *** (20/01/1940 – 15/02/1976 [data do desaparecimento])

Biographical history

Sidney Fix Marques dos Santos nasceu em 20 de janeiro de 1940, em São Paulo, filho de Cherubim Marques dos Santos e Suzana Olga Fix Marques dos Santos. Desaparecido em 15 de fevereiro de 1976, na Argentina. Dirigente do PORT – Partido Operário Revolucionário Trotskista.
Era casado com a argentina Leonor Elvira Cristalli, com quem teve uma filha, nascida no Uruguai.
Sidney concluiu curso secundário no Colégio Mackenzie. Prestou vestibular para Geologia na Universidade de São Paulo (USP), e foi aprovado entre os primeiros colocados, em 1959, merecendo, por isso, uma bolsa de estudos da Petrobrás. Nessa época, começou a militar no PORT. Dois anos após o início do curso, abandonou os estudos para dedicar-se integralmente à militância, ganhando o codinome de “Eduardo Farias”. Quando passou a viver na Argentina, era conhecido como “Lalo”.
Em 21 de abril de 1961, foi detido com Virgínia Maestri pelo DOPS/SP, pelo motivo de estarem pichando vias públicas no centro da cidade. Nesse mesmo ano foi preso novamente pelo DOPS, devido à sua participação na organização da greve geral de 13 de dezembro, deflagrada pela transformação do “abono de Natal” – 13º salário – em lei. Foi indiciado como um dos mentores da greve em inquérito policial de abril de 1962.
Entre meados de 1961 e 1962, Sidney foi o responsável pela organização do Partido no Rio de Janeiro, onde passou a residir. Chegou a trabalhar nos estaleiros da Ishikawagima, mas poucos meses depois foi demitido por sua atividade política e sindical. Tornou-se um “militante profissional” e o principal dirigente do Partido no Rio de Janeiro.
Atuou em várias frentes. Participou da organização do Comitê de Defesa da Revolução Cubana, entidade responsável por manifestações de rua, pichações, atos comemorativos e campanhas de solidariedade a Cuba. Durante a “crise dos mísseis”, em novembro de 1962, os trotskistas do PORT defenderam a manutenção dos mísseis soviéticos em Cuba, como também a defesa do “Estado operário cubano”. Sidney participou dos estadual e nacional de solidariedade a Cuba, este último realizado em Niterói, Rio de Janeiro, quando apresentou uma tese.
Manteve ligações com os movimentos de trabalhadores rurais e camponeses em regiões como Cachoeirinha Pequena, Magé, Tarietá e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde houve numerosos levantes de posseiros e confrontos com proprietários de terras. Publicou artigos no jornal do PORT – “Frente Operária” – assinando “S. Marques” (Sidney Marques), e dando cobertura a temas relacionados a esses movimentos.
Era o responsável pelos contatos com os representantes do movimento dos sargentos, estabelecendo articulações no eixo Rio-São Paulo-Brasília.
Outro meio de trabalho foi a Frente de Mobilização Popular (FMP), entidade criada em 1962 e integrada por representantes de diversas organizações políticas, estudantis, sindicais, femininas e camponesas, que exigia reformas de base e mudanças na política econômica.
Convencidos de que o processo da revolução brasileira teria um desenvolvimento semelhante ao das revoluções cubana e argelina, das “revoluções coloniais”, com uma passagem de posições e medidas inicialmente nacionalistas a definições socialistas em seu percurso, os trotskistas davam especial atenção a Leonel de Moura Brizola – principal dirigente da FMP – e aos integrantes da corrente política que ele representava.
A partir de junho de 1963, Sidney consta como diretor-responsável do “Frente Operária”, quando o jornal se tornou mais abertamente “posadista”, influenciado pelo grupo que liderara uma ruptura com a IV Internacional em 1962 – Posadas, que fora o líder do “Bureau Latino-Americano da IV Internacional”, e o Partido Socialista Revolucionário (PSR), seção da IV Internacional na Argentina – com o qual se alinhou o PORT brasileiro.
Por volta de dezembro de 1963, Sidney foi para o Recife, quando foram presos Ayberê Ferreira de Sá, Carlos Montarroyos e Cláudio Cavalcanti, ao tentarem organizar o Congresso de Camponeses de També. Recolhidos à Casa de Detenção, transformaram a prisão em um polo de organização e agitação política.
Em fevereiro de 1964, nos dias do carnaval, o PORT realizou o seu I Congresso no município de Dourado, São Paulo. Sidney foi, então, escolhido para integrar o Secretariado de Organização do Comitê Central. Também era membro do Bureau Político com Tullo Vigevani, do Comitê Internacional da IV Internacional Posadista. O principal dirigente do partido no Brasil era o antigo militante uruguaio Gabriel Labat.
A partir de 1966, J. Posadas – pseudônimo adotado por Homero Rómulo Cristalli Frasnelli – passou a transferir seu prestígio para sua filha, cujo pseudônimo era “Suzana”, e para Sidney, que se casara com ela.
Após o golpe de 1964, Sidney passou à clandestinidade. Foi indiciado pelo IPM (Inquérito Policial Militar) que investigou as atividades políticas realizadas no 2º Grupo de Canhões Antiaéreos de 90 mm, em Quitaúna, Osasco, São Paulo, onde o PORT tinha contatos, e sua prisão preventiva foi pedida em abril de 1965, sendo essa punição extinta, posteriormente, em setembro de 1969. Teve seus direitos políticos cassados por dez anos em 27 de janeiro de 1967, condenado pelo Artigo 15 do Ato Institucional Nº 2 (AI-2).
No fim do ano de 1969, Sidney e a sua esposa “Suzana” foram para a Argentina. No Brasil, a imposição do AI-5, em dezembro de 1968, tornou a militância política mais perigosa. Sidney trabalhava, nessa época, com programador da IBM.
Sidney foi preso em Buenos Aires na Rua Canning, em 15 de fevereiro de 1976, cerca de um mês antes do golpe militar argentino – que ocorreu em 24 de março –, pela Triple A (Alianza Anticomunista Argentina). Segundo texto redigido por seu pai foi capturado por um grupo de dez homens, em trajes civis, distribuídos em dois Ford Falcon, carros usados pela Polícia Federal Argentina (PFA).
Cherubim Marques dos Santos, seu pai, e Ítalo Tronca, marido de Leda Marques dos Santos, sua irmã, desembarcaram na Argentina no dia 16, e lá permaneceram durante quatorze dias; impetraram habeas corpus, dirigiram-se ao Ministério do Interior, ao chefe do Serviço de Informação do Exército e ao Consulado do Brasil.
Paulo Fix Marques dos Santos, irmão de Sidney, foi à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH), e sua mãe escreveu duas cartas ao ministro do Exterior, embaixador Azeredo da Silveira. Dirigiram-se até o Congresso estadunidense, sem conseguir qualquer informação. As autoridades alegavam desconhecer o destino do jovem brasileiro.
Ítalo e Cherubim voltaram à Argentina mais uma vez; em 1977 foram Leda e Ítalo, já em plena ditadura, mas nada conseguiram. Cherubim sofreu um enfarte na Argentina, só diagnosticado posteriormente, o que comprometeu para sempre sua saúde.
A denúncia sobre seu desaparecimento foi registrada pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), na Argentina, protocolada com o número 3.129. Este dossiê foi numerado novamente, e, atualmente, é o número 436 do Registro da Secretaria de Direitos Humanos do então Ministério de Justiça, Seguridade e Direitos Humanos da Argentina.
Conforme depoimento de sua irmã, Leda Marques dos Santos, prestado à Comissão de Representação Externa sobre os Mortos e Desaparecidos Políticos da Câmara Federal, registrado em 12 de maio de 1992, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o corpo de Sidney não foi localizado e nem emitido atestado de óbito por parte do governo argentino.
Sua mãe, Olga, padeceu por onze anos até obter a confirmação, por meio do depoimento de um torturador argentino, que Sidney já não vivia. Em maio de 1986, o ex-militar argentino Claudio Vallejos, que integrava o Serviço de Informação Naval, concedeu entrevista à Revista “Senhor” (nº 270, de 20 de maio de 1986), na qual mencionou o destino de brasileiros desaparecidos por obra do terror de Estado na Argentina, dentre eles Sidney Fix Marques dos Santos.
O Estado argentino reconheceu a responsabilidade pelo seu desaparecimento por meio da Secretaria de Direitos Humanos, subordinada ao Ministério da Justiça, Segurança e Direitos Humanos. Seu nome encontra-se inscrito no monumento do Parque da Memória, em Buenos Aires, Argentina.
No Prontuário 2948, do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), referente a Sidney Fix Marques dos Santos, consta, em informação datada de 5 de março de 1973, que o paradeiro de Sidney é ignorado pelos pais, isto apurado após interrogatórios realizados a eles em Quintaúna, e em São Paulo, sendo que nesta cidade os responsáveis foram os capitães Castilho e Romero, ambos pertencentes aos quadros da Operação Bandeirantes (OBAN).

Archival history

Nascido em 20 de janeiro de 1940, foi estudante de Geologia na Universidade de São Paulo (USP), curso que abandonou para se dedicar exclusivamente à militância política. Atuou no Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT), onde foi diretor do jornal Frente Operária e integrou a Frente de Mobilização Popular. Além disso, atuou em outras frentes em prol do comunismo no Brasil. Teve várias vezes sua prisão preventiva decretada no período do regime militar. Presume-se tenha morrido em Buenos Aires em fevereiro de 1976, enquanto preso político do regime militar argentino, após ter sido levado de sua casa por agentes da Superintendencia de Seguridad Federal daquele país. Seu corpo nunca foi encontrado ou devolvido à família. O caso estaria provavelmente relacionado à Operação Condor, aliança repressiva estabelecida pelas ditaduras militares sul-americanas.

Immediate source of acquisition or transfer

Documentos encaminhados pela família de Sidney Fix, representada por Paulo Fix Marques dos Santos e Priscila Pupo Marques dos Santos, respectivamente irmão e sobrinha do desaparecido político, em 22 de dezembro de 2011. O termo de doação foi assinado em 8 de novembro de 2012, tendo por doador formal Paulo Fix Marques dos Santos (cf. processo 08080.000568/2011-99). O extrato do termo foi publicado no Diário Oficial da União, n. 221, Seção 3, p. 178, de 16 de novembro de 2012.

Content and structure area

Scope and content

Correspondência de Sidney Fix Marques dos Santos com seus pais e irmãos sobre sua escolhas políticas e pessoais, sua estadia na Argentina e a situação político-econômica daquele país. Informações sobre seu desaparecimento político em 1976, sob responsabilidade do governo da Argentina, e as posteriores tentativas da família em recuperar seu corpo e manter sua memória. Revistas, recortes de jornais e de revistas sobre o caso Sidney Fix, a atuação de militares argentinos e brasileiros durante seus governos de exceção, incluindo a Operação Condor. Dossiê de Sidney Fix Marques dos Santos no DOPS-SP, relatando suas passagens pelos órgãos de segurança, devido a suas atividades políticas.

Appraisal, destruction and scheduling

Arquivo Permanente.

Accruals

System of arrangement

Os procedimentos técnicos de organização arquivística encontram-se normalizados, e seguem as normas ISAD-G. O acervo conta com um guia como instrumento de pesquisa.

Conditions of access and use area

Conditions governing access

Sem restrição de acesso.

Conditions governing reproduction

Language of material

Script of material

Language and script notes

Physical characteristics and technical requirements

O estado de conservação do acervo é bom.

Finding aids

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Existence and location of originals

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Access points

Subject access points

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Description identifier

BR

Institution identifier

Rules and/or conventions used

Status

Revised

Level of detail

Minimal

Dates of creation revision deletion

Language(s)

  • Spanish
  • Portuguese

Script(s)

Sources

O questionário do IPPDH respondido por Pablo Endrigo Franco, técnico em assuntos culturais do Arquivo Nacional.
Memórias Reveladas
Publicação "Arquivos do Brasil sobre a repressão política na ditadura militar (1964-1985)", do Arquivo Nacional.
Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal - COREG
Coordenação de Documentos Escritos - CODES.

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