Zona de identificação
Código de referência
BR RJAN ANRIO,XX AA8
Título
Rádio Jornal do Brasil
Data(s)
- 1964 - 1976 (Produção)
Nível de descrição
Fundos
Dimensão e suporte
- Extent
- Sonoro(s) -disco(s) - 13 item(ns)
Área de contextualização
Nome do produtor
Rádio Jornal do Brasil ***
(1935 – 1993)
História administrativa
Em um sábado, dia 10 de agosto de 1935, na cidade do Rio de Janeiro, a PRF4 Rádio Jornal do Brasil foi ao ar pela primeira vez, orientada pela ação de Ernesto Pereira Carneiro, visando criar um instrumento capaz de completar a missão de informar e orientar a opinião publica a que o matutino Jornal do Brasil já se dedicava.
O Jornal do Brasil não hesitou em completar a sua organização com um aparelhamento radio-difusor ultramoderno em 1935. Durante a transmissão inaugural, o microfone da PRF4 foi ocupado de dia e à noite, por destacadas personalidades do meio cultural, entre elas: Afonso Celso (presidente da Academia Brasileira de Letras); Pedro Celso Ernesto (prefeito do Distrito Federal), Ministro Edmundo Lins (presidente da Corte Suprema), cônego Olímpio de Melo (Presidente da Câmara Municipal) e o professor Fernando Magalhães.
A Rádio Jornal do Brasil (JB) trouxe, pela primeira vez, a complementação “rádio e jornal”, muito embora cada qual, na empresa Pereira Carneiro, tivesse sua caminhada independente. Contudo, foi a primeira rádio integrando um complexo jornalístico.
De igual maneira, a Rádio JB firmou-se pela iniciativa de transmitir as reuniões turfísticas e de inserir, entre os páreos e cotações de apostas, música erudita, na maioria das vezes.
Outra característica da Rádio JB era o fato de que quando se tratava de uma música brasileira, o locutor, além do nome do (a) cantor (a) ou do grupo, lia o nome do (s) compositor (es). Até hoje são poucas as emissoras que se preocupam em divulgar os compositores das canções.
Nos anos 1960 e 1970, a rádio enfrentou a censura, e conseguiu veicular reportagens e entrevistas que, nas entrelinhas, demonstravam o caos em que o Brasil tinha se tornado. Não obstante, a Rádio Jornal do Brasil, como toda a mídia, teve que aumentar a cobertura do noticiário internacional, que era menos sujeita à censura, mas sem nunca descuidar dos fatos do Rio e do Brasil.
Valorizar o noticiário externo foi uma das táticas da emissora durante o período autoritário no Brasil. Procópio Mineiro, roteirista da Rádio JB, fala que a emissora valia-se de uma comunicação indireta, e uma das armas utilizadas para isso era fazer insinuações por meio de comparações com ditaduras militares em outros países. Esse mecanismo foi utilizado repetidas vezes durante todos os anos da ditadura brasileira, tornando-se praticamente um novo código, denunciando, também a censura sofrida pela Rádio JB. A emissora também soube construir uma narrativa a partir da seleção de determinadas palavras que insinuavam mais do que afirmavam. Este foi outro recurso de resistência ao discurso imposto pelo governo militar. Por exemplo, optou-se por “suspeita de ligações com o Partido Comunista” ao invés de integrante do PC. Outra situação envolvendo a Rádio JB se dá na cobertura da missa de sétimo dia do estudante Edson Luís de Lima Souto, na Candelária, em 4 de abril de 1968, onde a matéria começava com o som em segundo plano dos cavalos da Polícia Militar e os gritos de “assassinos” ao fundo. A emissora ficou três dias fora do ar, acusada de haver forjado os gritos dos manifestantes.
A ditadura, a fim de exercer o controle econômico da mídia, utilizou a técnica de retirar a publicidade oficial ou pressionar anunciantes particulares para não investirem nas empresas de comunicação incômodas, técnica esta que foi largamente utilizada na década de 1970. Foi o que aconteceu com o Jornal do Brasil que denunciou, em 1974, o favorecimento oficial da Dow Chemical para importação de material químico, empresa que havia tido por presidente o general e ministro Golbery do Couto e Silva havia sido presidente: como represália o jornal sofreu cortes de financiamento, além de não obter a prometida concessão de uma emissora de TV. Na Rádio JB, como nas demais, as proibições – censuras – chegavam às emissoras pelo telefone e o agente policial não se identificava.
Em outros momentos, os agentes do Departamento Nacional de Telecomunicações (DENTEL) apreendiam, sem deixar recibo, as fitas rolo com as gravações do noticiário, que ficaram conhecidas como fitas “dedo-duro”. Outro ponto interessante é o fato de que, muitas vezes, os jornalistas se informavam dos acontecimentos pela própria censura, como no caso da guerrilha do Araguaia, por exemplo: César Mota, jornalista da Rádio JB, fala que soube da guerrilha porque ligaram para a emissora proibindo a divulgação do assunto, sendo que o mesmo ocorria com militantes desaparecidos.
A rádio entrou em crise nos anos 1980, com o cerco contrário do mercado publicitário, já voltado quase completamente para a TV e o mercado editorial, e quando muito, às novas FMs. O golpe final veio em 1992, no governo de Fernando Collor de Mello: o grupo JB, endividado e em crise, vendeu a emissora para o deputado evangélico Francisco Silva, já na época dono da “Melodia FM”. A Rádio Jornal do Brasil AM foi transformada na evangélica Brasil AM, com o codinome “Cristo em Casa”, que foi ao ar em 4 de maio de 1993.
O Jornal do Brasil não hesitou em completar a sua organização com um aparelhamento radio-difusor ultramoderno em 1935. Durante a transmissão inaugural, o microfone da PRF4 foi ocupado de dia e à noite, por destacadas personalidades do meio cultural, entre elas: Afonso Celso (presidente da Academia Brasileira de Letras); Pedro Celso Ernesto (prefeito do Distrito Federal), Ministro Edmundo Lins (presidente da Corte Suprema), cônego Olímpio de Melo (Presidente da Câmara Municipal) e o professor Fernando Magalhães.
A Rádio Jornal do Brasil (JB) trouxe, pela primeira vez, a complementação “rádio e jornal”, muito embora cada qual, na empresa Pereira Carneiro, tivesse sua caminhada independente. Contudo, foi a primeira rádio integrando um complexo jornalístico.
De igual maneira, a Rádio JB firmou-se pela iniciativa de transmitir as reuniões turfísticas e de inserir, entre os páreos e cotações de apostas, música erudita, na maioria das vezes.
Outra característica da Rádio JB era o fato de que quando se tratava de uma música brasileira, o locutor, além do nome do (a) cantor (a) ou do grupo, lia o nome do (s) compositor (es). Até hoje são poucas as emissoras que se preocupam em divulgar os compositores das canções.
Nos anos 1960 e 1970, a rádio enfrentou a censura, e conseguiu veicular reportagens e entrevistas que, nas entrelinhas, demonstravam o caos em que o Brasil tinha se tornado. Não obstante, a Rádio Jornal do Brasil, como toda a mídia, teve que aumentar a cobertura do noticiário internacional, que era menos sujeita à censura, mas sem nunca descuidar dos fatos do Rio e do Brasil.
Valorizar o noticiário externo foi uma das táticas da emissora durante o período autoritário no Brasil. Procópio Mineiro, roteirista da Rádio JB, fala que a emissora valia-se de uma comunicação indireta, e uma das armas utilizadas para isso era fazer insinuações por meio de comparações com ditaduras militares em outros países. Esse mecanismo foi utilizado repetidas vezes durante todos os anos da ditadura brasileira, tornando-se praticamente um novo código, denunciando, também a censura sofrida pela Rádio JB. A emissora também soube construir uma narrativa a partir da seleção de determinadas palavras que insinuavam mais do que afirmavam. Este foi outro recurso de resistência ao discurso imposto pelo governo militar. Por exemplo, optou-se por “suspeita de ligações com o Partido Comunista” ao invés de integrante do PC. Outra situação envolvendo a Rádio JB se dá na cobertura da missa de sétimo dia do estudante Edson Luís de Lima Souto, na Candelária, em 4 de abril de 1968, onde a matéria começava com o som em segundo plano dos cavalos da Polícia Militar e os gritos de “assassinos” ao fundo. A emissora ficou três dias fora do ar, acusada de haver forjado os gritos dos manifestantes.
A ditadura, a fim de exercer o controle econômico da mídia, utilizou a técnica de retirar a publicidade oficial ou pressionar anunciantes particulares para não investirem nas empresas de comunicação incômodas, técnica esta que foi largamente utilizada na década de 1970. Foi o que aconteceu com o Jornal do Brasil que denunciou, em 1974, o favorecimento oficial da Dow Chemical para importação de material químico, empresa que havia tido por presidente o general e ministro Golbery do Couto e Silva havia sido presidente: como represália o jornal sofreu cortes de financiamento, além de não obter a prometida concessão de uma emissora de TV. Na Rádio JB, como nas demais, as proibições – censuras – chegavam às emissoras pelo telefone e o agente policial não se identificava.
Em outros momentos, os agentes do Departamento Nacional de Telecomunicações (DENTEL) apreendiam, sem deixar recibo, as fitas rolo com as gravações do noticiário, que ficaram conhecidas como fitas “dedo-duro”. Outro ponto interessante é o fato de que, muitas vezes, os jornalistas se informavam dos acontecimentos pela própria censura, como no caso da guerrilha do Araguaia, por exemplo: César Mota, jornalista da Rádio JB, fala que soube da guerrilha porque ligaram para a emissora proibindo a divulgação do assunto, sendo que o mesmo ocorria com militantes desaparecidos.
A rádio entrou em crise nos anos 1980, com o cerco contrário do mercado publicitário, já voltado quase completamente para a TV e o mercado editorial, e quando muito, às novas FMs. O golpe final veio em 1992, no governo de Fernando Collor de Mello: o grupo JB, endividado e em crise, vendeu a emissora para o deputado evangélico Francisco Silva, já na época dono da “Melodia FM”. A Rádio Jornal do Brasil AM foi transformada na evangélica Brasil AM, com o codinome “Cristo em Casa”, que foi ao ar em 4 de maio de 1993.
Entidade detentora
História do arquivo
Fonte imediata de aquisição ou transferência
A entrada do acervo foi formalizada em março de 2008 por meio de termo de doação (processo n. 00320.000092/2008-71). Doação do próprio produtor.
Zona do conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo
Gravações do programa Música e Informação contendo uma compilação anual dos principais acontecimentos transmitidos pela emissora.
Avaliação, selecção e eliminação
Arquivo Permanente.
Ingressos adicionais
Sistema de organização
O acervo está 100% identificado e organizado. Os procedimentos técnicos de organização arquivística encontram-se normalizados, e seguem as normas ISAD-G. O acervo conta com um guia como instrumento de pesquisa.
Zona de condições de acesso e utilização
Condições de acesso
Sem restrição de acesso.
Condiçoes de reprodução
Idioma do material
Script do material
Notas ao idioma e script
Características físicas e requisitos técnicos
Instrumentos de descrição
Zona de documentação associada
Existência e localização de originais
Existência e localização de cópias
Unidades de descrição relacionadas
Zona de notas
Pontos de acesso
Pontos de acesso - assunto
Pontos de acesso - lugares
Ponto de acesso - nome
- Rádio Jornal do Brasil *** (Produtor)
Zona do controlo da descrição
Identificador da descrição
BR
identificador da instituição
Regras ou convenções utilizadas
Estatuto
Revisto
Nível de detalhe
Parcial
Datas de criação, revisão, eliminação
Idioma(s)
- espanhol
- português
Script(s)
Fontes
Formulário do IPPDH Respondido por: Pablo Endrigo Franco - Técnico em Assuntos Culturais - Arquivo Nacional
"Arquivos do Brasil sobre a repressão política na ditadura militar (1964-1985)"
"Arquivos do Brasil sobre a repressão política na ditadura militar (1964-1985)"