Herbert José de Souza nasceu em 3 de novembro de 1935, na cidade de Bocaiúva, Minas Gerais, e faleceu em 9 de agosto de 1997, na cidade do Rio de Janeiro.
Filho de Henrique José de Souza e Maria da Conceição Figueiredo de Souza, Herbert José de Souza, o Betinho, como era chamado, foi casado primeiramente com Irles Coutinho de Carvalho, mãe de seu filho Daniel, e em segundas núpcias, com Maria Nakano. De seus oito irmãos, o mais conhecido é o cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil.
Cursou ensino superior em Sociologia, na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, formando-se no ano de 1962.
Na década de 1960, Betinho foi Coordenador geral da Assessoria do ministro de Educação e Cultura do Brasil (1963-1964), a isto se seguindo: Professor da Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales – FLACSO (1972-1973); Pesquisador da Oficina de Planificação – ODEPLAN – da Presidência da República do Chile (1973); Coordenador da Latin American Research Unit – LARU/Canadá (1974-1977); Professor visitante no Institute of Latina American Studies – ILAS/University of Glasgow (1977-1978); Professor na Universidad Nacional Autónoma de México – UNAM (1978-1979); Consultor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO – para projetos agrários e de migrações na América Latina (Colômbia, Peru e Brasil), (1980-1982); colaborador do “Jornal do Brasil” (1988-1997); fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE – e presidente da organização (1981-1997); Presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS – ABIA (1987-1997).
Betinho iniciou sua militância política na Juventude Estudantil Católica (JEC), setor da Ação Católica Brasileira, ingressando, mais tarde, já aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais, na Juventude Universitária Católica (JUC). Participou da Campanha da Legalidade (1961), sob a liderança do governador Leonel Brizola, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em defesa da posse de João Goulart na presidência da República após a renúncia do então presidente Jânio Quadros.
Foi um dos fundadores, em junho de 1962, e primeiro coordenador da Ação Popular (AP), organização política formada por antigos participantes da JUC decididos a aprofundar sua militância política sem a interferência da Igreja.
Betinho participou ativamente do governo de João Goulart, como assessor do ministro da Educação, trabalhando na campanha de alfabetização do educador Paulo Freire, e também como diretor da Superintendência para a Reforma Agrária (Supra). Colaborou ainda com Leonel Brizola, já deputado federal, na formação do chamado “Grupo dos Onze”, em outubro de 1963, visando à defesa das reformas de base. Com o golpe de 1964 e a ordem de prisão solicitada pelo Centro de Informações da Marinha (CENIMAR), alternou períodos de exílio no Uruguai e em Cuba com a clandestinidade no Brasil.
Perseguido pelo governo do ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), exilou-se no Chile (1971-1973), saindo deste país com a deflagração do golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, indo para o Panamá e depois Canadá. Em 1977, transferiu-se para a Escócia, e no ano seguinte, 1978, estava no México.
Betinho retornou ao Brasil em 5 de setembro de 1979, após ser decretada a Anistia. Em 1981, junto com Carlos Alberto Afonso e Marcus Arruda, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que presidiu até 1997. Paralelamente, foi consultor do órgão das Nações Unidas, Food and Agriculture Organization (FAO), dedicando-se a projetos agrários e de migrações na América Latina.
Em 1983, tornou-se coordenador da Campanha Nacional pela Reforma Agrária, lançada, entre outras entidades, pelo Ibase, e três anos depois, após ter diagnosticada sua contaminação pelo vírus da Aids em uma das frequentes transfusões de sangue que fazia por conta da hemofilia, fundou a Associação Brasileira Interdisciplinar da Aids (Abia), dedicada à difusão de informações sobre a prevenção dessa doença, da qual se tornou presidente.
N ano de 1993, impulsionou a campanha da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, movimento que acabou conhecido como “Campanha contra a fome”, ou simplesmente “Campanha do Betinho”.