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Vinculados com as graves violações aos direitos humanos acontecidas no marco das coordenações repressivas

Fundos ANRIO,XX PH - Correio da Manhã

Zona de identificação

Código de referência

BR RJAN ANRIO,XX PH

Título

Correio da Manhã

Data(s)

  • 1901 - 1974 (Produção)

Nível de descrição

Fundos

Dimensão e suporte

Extent
Cartográfico(s) -sem especificação 74 item(ns); Iconográfico(s) -caricatura(s) - 3838 item(ns); Iconográfico(s) -cartão(ões)-postal(is) - 150 item(ns); Iconográfico(s) -cartaz(es) - 50 item(ns); Iconográfico(s) -desenho(s) - 1000 item(ns); Iconográfico(s) -fotografia(s) - 1014120 item(ns); Iconográfico(s) -ilustração(ões) - 21000 item(ns); Iconográfico(s) -negativo(s) fotográfico(s) - 476000 item(ns); Textual(is) -sem especificação - 103,02 m.

Área de contextualização

Nome do produtor

Correio da Manhã *** (1901-1974)

História administrativa

A primeira edição do Correio da Manhã data de 15 de junho de 1901, e tinha apenas seis páginas, sendo três ocupadas por anúncios. Com formato standard e periodicidade diária, não trazia manchetes, como boa parte dos jornais de sua época. A primeira página apresentava apenas um título grande e o texto se distribuía por oito colunas, além de não publicar fotogravuras, somente desenhos.
Na primeira página vinham assuntos nacionais, acontecimentos de destaque no Rio de Janeiro, críticas, editoriais e troças com a política e a sociedade carioca. Na segunda página figurava o noticiário internacional – que passaria à primeira página nos períodos das grandes guerras – de conteúdo fornecido pela agência de notícias Havas. O diário apresentava ainda as editorias “Seção e Comércio”, “Letras e Artes”, “Dia Social”, “Teatro” e “Dia da Caserna”.
A redação era na antiga Rua Moreira César 117 (a atual Rua do Ouvidor), no Centro do Rio. Passou depois pelo Largo da Carioca Nº 13, até chegar a seu endereço definitivo, na Gomes Freire Nº 471.
Em 1906 o jornal se tornou o primeiro periódico brasileiro a apresentar um caderno especial aos domingos, agora já com fotogravuras. Em 1929, novas rotativas foram instaladas nas oficinas do Correio da Manhã, possibilitando, no ano de 1933, algumas inovações editoriais, como a criação de manchetes e de seções infantis, femininas, de rádio e de agricultura, entre outras. Em 1959, o jornal passou a ter um segundo caderno em definitivo, e em 1962 edições impressas a cores, como os cadernos de quadrinhos destinados ao público infanto-juvenil. Nos seus melhores momentos, as tiragens diárias do Correio da Manhã foram superiores a 200 mil exemplares.
Fundado pelo advogado Edmundo Bittencourt, o Correio da Manhã é considerado hoje um dos mais importantes jornais brasileiros do século XX, introdutor de uma ética própria e de refinamentos textuais que se transformariam na sua marca. O jornal primava por seu caráter independente, liberal e doutrinário, dentro de uma linha editorial combativa. Identificava-se com a classe média do Rio de Janeiro, apresentando aos leitores, muitas vezes, textos de forte carga emocional. O Correio da Manhã sempre se posicionava a favor de medidas modernizadoras e contra as oligarquias que, aliadas às forças governamentais, bloqueavam, em sua opinião, o acesso do povo a alguns de seus direitos fundamentais.
O jornal manteve-se fiel a essa linha, inicialmente fazendo oposição ao governo Campos Salles, e mais tarde à ditadura de Getúlio Vargas, ao governo de João Goulart e, por fim, à ditadura civil-militar instaurada em 1964. Por outro lado, posicionou-se favoravelmente ao engajamento brasileiro na Primeira e na Segunda Guerra Mundiais, instando os diferentes governos a se aliarem a causas que considerava patrióticas.
O jornal Correio da Manhã chegou a ser fechado, em 31 de agosto de 1924, pelo presidente Artur Bernardes, sob a acusação de estar imprimindo clandestinamente o folheto Cinco de Julho, em apoio aos 18 do Forte. Em 20 de maio de 1925 o periódico foi reaberto, com a direção provisória do senador Moniz Sodré, pois Edmundo Bittencourt e seu filho Paulo estavam presos. Poucos anos depois, Edmundo Bittencourt passava a direção e a propriedade do jornal ao seu filho, Paulo Bittencourt, que assumiu no dia 17 de março de 1929.
Em 2 de agosto de 1963, com o falecimento de Paulo Bittencourt, Niomar Moniz Sodré (sua esposa e filha do senador Moniz Sodré) passou a ocupar o cargo de diretora-presidente do jornal. Desde 16 de julho daquele ano, uma grande reforma gráfica já estava em curso. O Correio da Manhã passava a ter menos blocos de texto, privilegiando os espaços em branco (sobretudo no segundo caderno) e emprego maior da fotografia, esta última com legendas mais instigantes e criativas, iniciando uma nova tendência na imprensa carioca. Pouco depois de iniciada essa nova fase, o Correio da Manhã, passaria a sofrer com a interferência do poder militar.
No impasse que se seguiu à renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, o Correio da Manhã posicionou-se a favor da posse do vice-presidente, João Goulart, que lideranças militares não queriam aceitar. Pouco tempo depois, o jornal pôs-se contra o governo de João Goulart, por considerar que ele estimulava atitudes que iam contra a Constituição e a ordem pública, como, por exemplo, o suposto estímulo à quebra de hierarquia nas Forças Armadas. Ficaram famosos pelo estilo e contundência seus dois editoriais – “Basta!”, de 31 de março de 1964, e “Fora!”, de 1º de abril – que denunciavam desmandos do governo Goulart e anunciavam sua derrubada pelo golpe civil-militar.
O que o Correio da Manhã e outros jornais que apoiaram o golpe esperavam era que o novo presidente da República imposto pelos conspiradores, marechal Humberto Castello Branco, convocasse eleições e entregasse o governo a uma liderança civil, mas os militares, uma vez instalados, preferiram manter-se no poder. O Correio da Manhã começa então a denunciar as arbitrariedades do regime militar, já no dia 2 de abril de 1964, com a crônica política “A Salvação da Pátria”, de Carlos Heitor Cony. Nenhum outro jornal do Rio de Janeiro deu tanto espaço às manifestações de rua contra os governos de Castello Branco e Costa e Silva, quando policiais e estudantes se confrontam em embates violentos nas ruas das principais cidades do país. As posições – tanto do regime quanto do jornal – se radicalizariam após a publicação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, que autorizava o presidente da República, em caráter excepcional e, portanto, sem apreciação judicial, a: decretar o recesso do Congresso Nacional; intervir nos estados e municípios; cassar mandatos parlamentares; suspender, por dez anos, os direitos políticos de qualquer cidadão; decretar o confisco de bens considerados ilícitos; e suspender a garantia do habeas-corpus.
Após o AI-5, jornais e jornalistas foram afetados, muitos jornais foram invadidos, depredados ou fechados pela polícia. O Correio da Manhã e o Jornal do Brasil, entre os grandes da imprensa carioca, deixaram de circular, tiveram diretores presos, foram ocupados por forças policiais e militares. Dentre todos – jornais, revistas e emissoras de rádio mais atingidas pela violência instituída –, foi o Correio que pagou o mais alto preço por resistir à ditadura, desaparecendo de circulação. O Correio da Manhã, que já vinha mal financeiramente – apesar de ter 1/3 do mercado de classificados do Rio –, sofreu um bloqueio tão forte por parte do Governo que as empresas, por medo de retaliação, deixaram de anunciar nele.
Em 7 de dezembro de 1968, uma bomba de alto poder explosivo foi lançada na agência da Avenida Rio Branco, causando grandes prejuízos. Logo em seguida, no dia 13, foi preso o diretor-superintendente e redator-chefe e, no dia 7 de janeiro de 1969, todos os seus administradores, inclusive o próprio diretor de redação e a diretora-presidente, Niomar Moniz Sodré Bittencourt, que teve seus direitos políticos cassados por dez anos, prazo comum determinado pelos militares para essa punição sem qualquer processo. Foi apreendida toda a edição do jornal daquele dia, antes de ser integralmente impressa. No dia 26 de fevereiro, com suposto fundamento na Lei de Segurança Nacional, foi ordenada a suspensão de circulação do Correio da Manhã por cinco dias.

Tantas ocorrências tiveram repercussão desastrosa na vida financeira do jornal. A publicidade caiu assustadoramente, o Correio da Manhã entrou em decadência rapidamente e metade da redação foi dispensada. Em 11 de março de 1969, o jornal entrou com pedido de concordata preventiva, para ser paga no prazo de dois anos.
O jornal acabou por ser arrendado, no ano de 1969, à Editora Comunicações Sistemas Gráficos – grupo Ecos –, de propriedade do empreiteiro Maurício Nunes de Alencar.
O Correio da Manhã deixou de circular em 8 de junho de 1974, com uma edição de apenas oito páginas e três mil exemplares, reflexo da crise que reduzira de mil para 182 os empregados, todos com salários atrasados. Aos 73 anos, o jornal que atingira tiragens diárias superiores a 200 mil exemplares passou a responder a um processo de falência.
Em sua trajetória, o jornal contou com contribuições de personalidades brasileiras do campo político e cultural, como Rui Barbosa, José Veríssimo, Coelho Neto, Artur Azevedo, Afonso Celso, Medeiros e Albuquerque, Evaristo de Morais, Carlos de Laet, Alberto de Oliveira, Antonio Salles, Leão Veloso Filho (que usava o pseudônimo de Gil Vidal), Álvaro Lins, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Lacerda, Aurélio Buarque de Holanda, Franklin de Oliveira, Antônio Callado, Rubem Braga, Antonio Moniz Vianna, Carlos Heitor Cony, Otto Maria Carpeaux, Luis Alberto Bahia, Nelson Rodrigues, Oswaldo Peralva, Fernando Pedreira, Márcio Moreira Alves, Hermano Alves, Paulo Francis, Newton Carlos, Paulo de Castro, Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Decio Pignatari, Oliveira Bastos, José outros. Muitos destes últimos eram colaboradores frequentes do denso “4º Caderno”, suplemento dominical do final dos anos 1960, em que se discutiam política nacional e internacional, literatura, artes plásticas e filosofia.

História do arquivo

O Correio da Manhã foi um jornal matutino diário, editado na cidade do Rio de Janeiro. Fundado por Edmundo Bittencourt, em 15 de junho de 1901, passou pela administração de Paulo Bittencourt, de 1929 a 1963 e de Niomar Moniz Sodré Bittencourt, de 1963 a 1969. Em 1969 foi arrendado por Maurício Nunes de Alencar, ligado à Companhia Metropolitana (empreiteira de obras), por um prazo de 5 anos. O encerramento de sua circulação ocorreu em 7 de junho de 1974, sendo seu título leiloado em 1977. Durante grande parte de sua existência, foi um dos principais órgãos da imprensa brasileira, destacando-se como um jornal independente, de tradição legalista e oposicionista em diversos momentos da vida política do país. Sua linha editorial, inspirada na filosofia liberal, caracterizava-se pela defesa incondicional da imprensa.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

A documentação foi doada em 1982, por Fernando Gasparian, que a adquiriu através de leilão, em 1975. Este fundo/coleção recebeu anteriormente o código AP 52.

Zona do conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

O acervo cobre o período de administração de três diretores: Paulo Bittencourt, Niomar Moniz e Maurício Nunes de Alencar. A documentação textual é composta de recortes de jornais, manuscritos e publicações e permanece com a organização recebida originalmente, em dossiês temáticos, como, por exemplo: recortes de jornais e manuscritos referentes a matérias de jornais sobre abastecimento, Amazônia, animais (proteção), aviões, bíblia, Brasília (fundação), classe média, crimes (trânsito), doenças (parasitores intestinais), economia, espaço (sol), Europa Ocidental (conflitos sociais), favela Babilônia, futebol na União Soviética, Grécia (história), greves (Brasil), habitação (1970), Hungria (operários-políticos), imóveis da União, independência da mulher, indústria siderúrgica, insônia, jardinagem, Justiça (Supremo Tribunal Federal), literatura (prêmios), logradouros (estrada Grajaú-Jacarepaguá), mapa geológico do Brasil, minérios, navegação (segurança), negros, Observatório Nacional, óleos vegetais (exportação), ornitologia (Museu de Ornitologia-Campinas), poesia (Espanha), radioamadorismo, tapeçaria, seqüestro de embaixadores, repressão policial, presos políticos e outros, biografias de políticos, escritores, poetas etc. Os dossiês de presos políticos trazem como curiosidade, principalmente no período de 1968-1969, as cópias das fichas criminais do DOPS, com dados sobre os mesmos, tais como codinome e organismos aos quais teriam pertencido. Os documentos iconográficos compreendem ampliações e negativos fotográficos de vários formatos, charges, ilustrações, cartazes, cartões-postais e desenhos originais. Retratam cenas da vida nacional e internacional, resultado das coberturas jornalísticas diárias do jornal. Estão agrupados em dossiês onomásticos ou temáticos. Os documentos cartográficos referem-se ao Brasil e a alguns países europeus e incluem mapas rodoviários. Para o projeto Memórias Reveladas, destacam-se, do material iconográfico, as fotografias dos dossiês temáticos que se referem a: o período João Goulart; os antecedentes do Golpe Militar de 1964; a repressão política nas ruas; o fechamento dos órgãos de imprensa; os seqüestros políticos; a atuação dos presidentes militares - Castelo Branco, Costa e Silva e Médici; o fechamento do Congresso Nacional; os movimentos pol´tiicos e sociais da época; as peças teatrais; os filmes cinematográficos; os festivais da canção realizados na época. Os dossiês onomásticos referem-se às pessoas ligadas direta ou indiretamente aos principais fatos políticos, militares, religiosos, culturais e sociais.

Avaliação, selecção e eliminação

Arquivo Permanente.

Ingressos adicionais

Sistema de organização

O acervo está parcialmente organizado. Existem instrumentos de pesquisa no formato de guias e catálogos. Os documentos iconográficos estão organizados em ordem alfabética, assunto e procedência. Os documentos textuais estão parcialmente organizados, conservando a organização original, em dossiês temáticos e por procedência, obedecendo a ordem alfabética.

Zona de condições de acesso e utilização

Condições de acesso

Sem restrições de acesso

Condiçoes de reprodução

Acervo com restrições de acesso - tratamento técnico. Restrição apenas para os documentos textuais.

Idioma do material

Script do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Acervo com restrições de acesso - tratamento técnico. Restrição apenas para os documentos textuais.

Instrumentos de descrição

ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Catálogo dos documentos cartográficos do fundo Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 2000. 31 p. dat. - Não definido ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Coordenação de Documentos Audiovisuais e Cartográficos. Equipe de Documentos Iconográficos. Fundo Correio da Manhã (acervo fotográfico), 1901-1974: índices de assunto e onomástico. Rio de Janeiro, 2006. 8v. - Não definido ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Correio da Manhã (acervo fotográfico), 1901-1974: índice de assuntos. Rio de Janeiro, 2001. 243 p. dat. - Não definido ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Listagem do acervo fotográfico do Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 1998. 7 v. - Não definido.

Zona de documentação associada

Existência e localização de originais

Existência e localização de cópias

Unidades de descrição relacionadas

Zona de notas

Pontos de acesso

Pontos de acesso - assunto

Pontos de acesso - lugares

Ponto de acesso - nome

Zona do controlo da descrição

Identificador da descrição

BR

identificador da instituição

Regras ou convenções utilizadas

Estatuto

Revisto

Nível de detalhe

Parcial

Datas de criação, revisão, eliminação

15/05/2013

Idioma(s)

  • espanhol
  • português

Script(s)

Fontes

Formulário IPPDH respondido por : Pablo Endrigo Franco - Técnico em Assuntos Culturais - Arquivo Nacional

Zona da incorporação

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