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Vinculados con las graves violaciones a los derechos humanos ocurridas en el marco de las coordinaciones represivas del Cono Sur.

Fondo CLAMOR - Comité Derechos Humanos para países del Cono Sur (CLAMOR) - Colección Digital.

Área de identidad

Código de referencia

AR ANM CLAMOR

Título

Comité Derechos Humanos para países del Cono Sur (CLAMOR) - Colección Digital.

Fecha(s)

  • 1975 - 1986 (Creación)

Nivel de descripción

Fondo

Volumen y soporte

8107 imágenes digitales. 41 carpetas. 2.55 GB. Formato TIFF - JPG.

Área de contexto

Nombre del productor

Comitê de Defesa dos Direitos Humanos para os Países do Cone Sul – CLAMOR *** (1977(final) 1978 (início) – 1991)

Historia administrativa

Na década de 1970, diante da necessidade urgente de prestar solidariedade – o que vinha sendo feito por alguns outros grupos no limite das brechas da legalidade permitida pelo regime brasileiro –, um grupo começou a se organizar no final do ano de 1977 na cidade de São Paulo, preocupados com o aumento dos casos de prisões sem justificativas, torturas, sequestros e desaparecimentos cada vez mais frequentes. A primeira reunião de dois dos fundadores do grupo – Jan Rocha e Luiz Eduardo Greenhalgh – ocorreu sem planejamento de ambos. Um casal de argentinos que foi testemunha de assassinatos cometidos pela repressão em seu país, já mantinha contatos com Jan Rocha e Greenhalgh, separadamente, para contar suas histórias. Em um domingo, na Rua Turiassú, no bairro Perdizes da capital paulista, o casal organizou um encontro secreto para explanar seus projetos de criação de um Comitê de solidariedade aos refugiados latino-americanos no Brasil. Ali, Jan e Greenhalgh, apesar de já se conhecerem de lutas cotidianas, surpresos, se encontraram, e deram início aos planos que culminaram com a criação do grupo Clamor. Pensando em quem mais poderia contribuir com o grupo, chegaram ao nome do pastor Jaime Wright. Os três membros fundadores do Clamor, vivendo sob a ditadura no Brasil, tiveram suas trajetórias marcadas por histórias de clandestinidade, desaparecimentos e outras experiências traumáticas produzidas por regimes de exceção, que impactaram na sua opção por atuar na defesa dos direitos humanos, mesmo antes da fundação do Clamor.
A jornalista Jan Rocha, nascida na Inglaterra, morava no Brasil desde 1969, quando de seu casamento com o advogado brasileiro Plauto Tuyuty da Rocha. Jan foi correspondente internacional do jornal The Guardian, entre 1973 e 1994, e da Rádio BBC de Londres, de 1984 a 1994. Também era assistente social e tinha boas relações com a Anistia Internacional. Jan Rocha produziu reportagens importantes, sendo que numa delas registrou o depoimento do pastor Jaime Wright sobre o desaparecimento de seu irmão, Paulo Stuart Wright, anos antes da existência do próprio Clamor.
O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, nome de referência entre os familiares de presos políticos brasileiros, também era militante na luta pelos direitos humanos. Vivendo no Brasil, Luiz Eduardo exercia uma atividade perigosa, pois diversos advogados foram alvos de ameaças e mesmo de sequestros e prisões.
O pastor presbiteriano brasileiro Jaime Wright, desde o golpe de 1964, engajou-se na luta pela defesa dos direitos humanos. Secretário-Geral da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Jaime ajudou a consolar famílias, enviar denúncias ao exterior e estruturar entidades que lutavam pelos direitos humanos. Em 1973, Jaime Wright procurou o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh pedindo ajuda para encontrar Paulo Stuart Wright, seu irmão desaparecido em setembro desse ano. O pastor também procurou o auxílio de dom Paulo Evaristo Arns para localizar seu irmão, estabelecendo com o cardeal uma amizade e companheirismo na realização de muitos projetos.
Assim, a jornalista, o advogado e o pastor engajados em causas solidárias, usaram sua atividade profissional como militância em prol dos direitos humanos. Após aquele primeiro encontro na residência do casal argentino houve novas reuniões, com o objetivo de elaborar premissas de atuação e estruturação de um grupo para acolher a grande quantidade de estrangeiros que acorriam a São Paulo em busca de asilo e de alguém disposto a escutar suas denúncias e tomar as providências cabíveis em tempos de repressão. As primeiras reuniões aconteceram no Instituto Sedes Sapientiae e nas casas dos membros. Chegaram ao consenso da necessidade de articular-se com a Igreja Católica, que garantiria proteção ao grupo.
O nome Clamor surgiu nas primeiras reuniões, e foi escolhido por ser forte, mobilizador e ter o mesmo significado em português, espanhol e inglês, por conter a palavra amor e as letras L e A, de América Latina. O nome fez o pastor lembrar um texto bíblico, o salmo 88, que se encaixava perfeitamente como lema do grupo: “Inclina os teus ouvidos ao meu clamor”. O símbolo do grupo veio de um cartão recebido por Greenhalgh, no Natal daquele ano, do preso político Manuel Cirilo de Oliveira Neto. A capa do cartão trazia uma vela detrás das grades, e tornou-se símbolo da busca de esperança aos prisioneiros e perseguidos pelos sistemas repressores. O grupo também possuía um slogan: “SOLIDARIEDADE NÃO TEM FRONTEIRAS”, e foi com ele que o Clamor percorreu todos os países do Cone Sul, além de ter buscado apoio e ajuda financeira junto a organismos internacionais.
O grupo procurou o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, considerado “cardeal subversivo” pelos ditadores. Mergulhado na realidade e nas necessidades do povo, dom Paulo foi um problema constante para os militares, e ficou famoso por sua atuação a favor dos direitos humanos em sua arquidiocese. Anos antes, Dom Paulo começou a montar uma ampla rede de defesa dos direitos humanos, na qual o Clamor inseriu-se; seu engajamento foi tão expressivo que empresários paulistas redigiram uma carta assinada por vinte mil pessoas exigindo ao Vaticano seu afastamento da Arquidiocese de São Paulo, pedido este que não foi atendido.
Dessa forma, o Clamor foi incorporado à Comissão Arquidiocesana de Pastoral dos Direitos Humanos e Marginalizados, criada em 1976, tornando-se um anexo dessa Comissão, com o intuito de cuidar da grande quantidade de estrangeiros que acorriam à Cúria Metropolitana em busca do amparo de dom Paulo. O Clamor, que não é uma sigla, integrou-se à arquidiocese como Comitê de Defesa dos Direitos Humanos para os Países do Cone Sul. Trabalhando junto ao Clamor, na Arquidiocese de São Paulo, estava a Comissão Justiça e Paz (CJP-SP).
O grupo começou a trabalhar de forma improvisada na Cúria, estabelecendo seus objetivos, sendo o mais urgente deles dar assistência aos refugiados que buscavam auxílio na Cúria e não eram reconhecidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O segundo objetivo era a divulgação de todas as denúncias recebidas após confirmação de sua veracidade. O meio utilizado para difundir tais denúncias foi a publicação de boletins não periódicos distribuídos em três idiomas: português, voltado à imprensa e entidades nacionais; espanhol, para entidades de direitos humanos, amigos e familiares de perseguidos políticos; inglês, para organismos europeus e da América do Norte. A responsável pela confecção desses boletins era Jan Rocha: foram publicados 17 números, ao longo de doze anos. Entre os assuntos tratados, há um documento especial sobre cada um dos países do Cone Sul, enfocando as violações dos Direitos Humanos; a luta do povo para denunciar e derrotar os regimes militares implantados; a situação das prisões e o tratamento dado aos presos; edição especial sobre a opressão sofrida pelos sindicatos no Cone Sul; número sobre a legislação pertinente aos refugiados; em 1980, denúncia completa das violências praticadas na Bolívia depois do golpe militar. O último objetivo foi o estabelecimento de contatos com entidades nacionais e internacionais de defesa de direitos humanos para a formação de uma rede.
Quanto ao caráter ecumênico do grupo, apesar de estar incrustado na Arquidiocese de São Paulo, o Clamor reuniu católicos e protestantes em busca de uma causa comum em atividades nas quais a solidariedade independia do credo. Conforme o Padre Roberto Grandmaison, nem todos os membros do grupo praticavam alguma religião, mas a ação do Clamor fazia parte de um grande processo de evangelização. Dom Paulo Evaristo sempre teve a mente aberta, estando, naquele momento, mais preocupado com a situação extrema de repressão na América Latina. O grupo contava, também, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e da Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE), fundada por James Wright.
A presença do pastor Jaime Wright no grupo garantiu a concessão de uma verba periódica junto ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que agrupava, em meados da década de 1970, cerca de 500 milhões de fiéis de igrejas protestantes, ortodoxas e anglicanas e tinha um setor específico de direitos humanos para a América Latina. Quem dirigia esse setor era Charles Harper, grande amigo do pastor Wright. Além dele, outro amigo do pastor, Philip Potter, secretário-geral do CMI, articulou junto à entidade para financiar as atividades do grupo Clamor.
Desde o início, foi acordado que o Clamor nascia com data para terminar: quando se extinguissem as ditaduras de Segurança Nacional no Cone Sul. O Clamor surgiu para lutar contra as violações dos direitos humanos nos países sob forte repressão, nos quais mesmo grupos de solidariedade eram perseguidos e/ou impedidos de atuar.
Desse modo, no início do ano de 1978 o grupo Clamor iniciou suas atividades. A Comissão Arquidiocesana de Pastoral dos Direitos Humanos e dos Marginalizados de São Paulo passou a abastecer o grupo com alguns de seus integrantes: os dois primeiros reforços foram a irmã estadunidense Michael Mary Nolan e o padre canadense Roberto Grandmaison.
Com o aumento da demanda de trabalho, em 1979, o quadro de voluntários precisou ser ampliado, e mais dois integrantes da Comissão Arquidiocesana foram recrutados para o grupo: o advogado Fermino Fecchio e a química e professora Thereza Brandão, que havia morado no Chile e tinha bons contatos neste local, ficando encarregada pelos casos desse país.
Após um desentendimento interno – que levou à saída do pastor Jaime Wright do grupo em abril de 1984 –, novas voluntárias foram incorporadas: a psicóloga e psicanalista Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes; Maria Aparecida Antunes Horta, esposa de Greenhalgh; Inge Schilling, esposa de Paulo Schilling e mãe de Flávia Schilling. Os dois últimos reforços foram a tradutora Lilian do Amaral Azevedo, e frei João Xerri.
Além desses membros nominados, cabe ressaltar a importância da participação dos familiares dos integrantes do Clamor em seu apoio estratégico ao grupo. São os casos, dentre outros, de Alma Wright, esposa do pastor Jaime, e do advogado brasileiro Plauto Tuyuty Rocha, esposo de Jan.
O sucesso do Clamor foi possível graças ao trabalho coletivo com tantas outras entidades de defesa dos direitos humanos; grupos de familiares de presos e desaparecidos políticos; e indivíduos que prestaram seu apoio à causa solidário do Comitê. A relação do Clamor com a rede integrada de defesa dos direitos humanos se deu por meio da troca de informações para compor e fundamentar denúncias (como as listas de desaparecidos), da ajuda mútua a favor de perseguidos políticos, na tentativa de localização das vítimas e resolução coletiva de problemas comuns aos países do Cone Sul. Os métodos utilizados para tais fins foram a contrainformação como forma de resistência não violenta e uma estratégia de ação oposta àquela já criada pelos sistemas repressivos para aniquilar adversários, articulando uma “Operação Contra Condor” de solidariedade sem fronteiras.
Um dos trabalhos que mais prendeu a atenção de todos da equipe do Clamor foi a elaboração da lista de desaparecidos da Argentina. Seu objetivo foi mostrar que cada um dos milhares de desaparecidos era uma mulher, um homem, uma criança, pai, mãe ou filho, com identidade, e não um número, ou pior, uma abstração. Esse trabalho teve a duração de dois anos, e contou com a colaboração de vários refugiados. Em 1980, foi elaborada uma ficha-padrão para coleta de informações e denúncias de tortura e desaparecimentos, estruturada de forma a permitir seu preenchimento em qualquer língua. A ideia foi a de se personalizar os desaparecidos e de se ter uma referência mais concreta sobre sua idade, sua profissão, sua família, seu estado civil, o lugar e a data sua prisão. A sistematização desses dados deu origem ao livro “Desaparecidos en la Argentina” (Disapeared in Argentina), publicado em 1982. O livro, editado em espanhol e em inglês, reuniu, em suas 416 páginas, informações de 7.791 desaparecidos na Argentina.
A repercussão desse trabalho levou a Comisión Nacional de los Desaparecidos Políticos (CONADEP), organizada na Argentina a partir da posse do presidente eleito Raúl Alfonsín, no início de 1984, a solicitar ao Clamor subsídios sobre os desaparecidos elencados no livro, a fim de aprofundar suas investigações e descobrir seu paradeiro. O trabalho de elaboração da lista dos desaparecidos permitiu ao Clamor aprofundar uma pesquisa que havia iniciado a partir de denúncias muito sérias a respeito de “crianças desaparecidas”. Foi constatada que a barbárie tinha caído num nível raramente atingido pela pessoa humana: sequestrar mães grávidas; torturá-las; esperar a hora do parto para depois matá-las e traficar os bebês. Isto sem falar nas crianças que foram sequestradas junto com seus pais na ocasião da prisão dos mesmos: houve uma compilação comprovada de cento e sessenta e três casos.
O Clamor realizou muitas diligências para apurar os casos dessas crianças e colaborou na solução de vários deles, como, por exemplo, o caso de “Anatole e Victoria Eva Lucia”: crianças uruguaias sequestradas junto com seus pais na Argentina, deportadas ilegalmente para o Chile, onde o Clamor os achou na cidade de Valparaíso. Os pais dessas crianças foram mortos nos porões da ditadura argentina. A localização de Anatole e Vicky desencadeou uma reação em cadeia na tentativa de localização de outras crianças desaparecidas. Cartas, denúncias, telegramas chegaram de vários países do Cone Sul, fazendo apelos, fornecendo dados para que o Clamor denunciasse outros desaparecimentos.
O Clamor também atuou dentro do Brasil: deu o alarme quando os refugiados uruguaios Lilián Celiberti, seus dois filhos e Universindo Díaz Rodríguez foram sequestrados em Porto Alegre, em novembro de 1978.
Depois de atingidos seus objetivos, o Clamor encerrou suas atividades em 1991, propositalmente no dia 10 de dezembro, dia internacional dos Direitos Humanos.

Nombre del productor

Institución Depositaria

Historia archivística

Este acervo integra el fondo Archivos y colecciones institucionales Internacionales / Brasil

Origen del ingreso o transferencia

Área de contenido y estructura

Alcance y contenido

Esta colección de documentos digitales contiene documentos reunidos por CLAMOR tales como listados y fichas de desaparecidos, fichas de torturadores, denuncias y correspondencia, entre los años 1975 y 1986. Fundado en 1977 por Jan Rocha (periodista inglesa), Luiz Eduardo Greenhalgh (abogado brasileño) y Jamie Wright (pastor anglicano), con el apoyo fundamental del arzobispo Paulo Evaristo Arns (perteneciente a la Arquidiócesis de San Pablo), CLAMOR funcionó en oficinas de la curia paulista. Su objetivo era movilizar la opinión pública internacional contra las dictaduras del Cono Sur, así como también iniciar una extensa obra de ayuda a los familiares de los perseguidos por las dictaduras de Brasil, Argentina y Uruguay.

Valorización, destrucción y programación

Conservación permanente. Valorización, destrucción y programación prohibidas por Decreto Nº 1259/03

Acumulaciones

Fondo cerrado

Sistema de arreglo

33 series de archivo

Área de condiciones de acceso y uso

Condiciones de acceso

La disposición de acceso vigente Nº 6/2015 ubica este fondo dentro de la categoría:
Documentos y archivos públicos de acceso libre e irrestricto

Condiciones

Idioma del material

Escritura del material

Notas sobre las lenguas y escrituras

Características físicas y requisitos técnicos

Instrumentos de descripción

Inventario general

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Existencia y localización de originales

Existencia y localización de copias

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Puntos de acceso

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Identificador de la descripción

AR

Identificador de la institución

Reglas y/o convenciones usadas

ISAD-G

Estado de elaboración

Revisado

Nivel de detalle

Básico

Fechas de creación revisión eliminación

Mayo 2014: creación
Enero 2019: revisión

Idioma(s)

  • español

Escritura(s)

Fuentes

ANM
Formulario IPPDH de actualización, respondido por ANM

Metadatos del objeto digital

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31.2 KiB

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8 de febrero de 2019 10:13

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